sábado, 23 de março de 2013

Luxo e pobreza nas Minas Gerais




Quando os bandeirantes descobriram ouro e diamantes na região das minas no território da colônia portuguesa da América, concretizaram o que Portugal desejaria desde a expedição de Cabral.
As descobertas na região do atual estado de Minas Gerais, no final do século XVII, coincidiram com a crise da economia açucareira, provocada pela concorrência holandesa nas Antilhas.
A mineração passou a ser a principal atividade econômica da colônia. Contudo, o açúcar continuou a ser uma importante fonte de receita para a metrópole, bem como a que provinha de outras atividades econômicas. Assim, a mineração não substituiu o cultivo e o benefício de cana de açúcar nem representou um período de enriquecimento da colônia. Apesar da descoberta das minas e veios auríferos, grande parte da maioria dos escravos passou a trabalhar nas minas, e não na lavoura. O resultado foi uma crise de abastecimento de alimentos e houve até alguns surtos de fome, em especial na região das minas.

TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E CULTURAIS

A mineração desenvolveu a vida urbana e criou espaço para o estabelecimento de artesãos, comerciantes, intelectuais, padres e funcionários públicos na colônia. Pela primeira vez, no Brasil, assistia-se ao crescimento mais significativo de uma camada social intermediária, formada por pequenos proprietários e trabalhadores livres, distinta dos setores sociais até então compostos por senhores e escravos. O fato de que a economia mineradora não necessitava de largos investimentos em mão de obra escrava como na economia açucareira na montagem dos engenhos, possibilitou o acesso de várias pessoas com  capital reduzido na região das  minas para explorar os veios auríferos. Até esse período, o eixo econômico da colônia girava em torno das fazendas produtoras de açúcar ou de outros gêneros, e as cidades haviam sido apenas um apêndice da vida no campo. Na economia mineradora, havia uma população livre e produtiva, formada por trabalhadores especializados ( feitores, artesãos) funcionários públicos (função reservada apenas para os brancos) , profissionais liberais ( advogados , cirurgiões etc.) e comerciantes. O afluxo de pessoas para a região da mineração foi também responsável pelo aparecimento da população marginalizada(ex escravos, pessoas pobres e  escravos fugidos) sem meios para ganhar a vida, sem o capital necessário para custear a própria aparelhagem da mineração ou garantir o direito a uma mina.

MEMBROS DA ELITE MINERADORA :

  • Proprietários de grandes lavras: eram mineradores que possuíam grande número de escravos e conseguiam o direito de explorar as lavras.
  • Contratadores: homens ricos que compravam da coroa portuguesa o direito de explorar e comercializar os diamantes.
  • Grandes comerciantes: controlavam o comércio de gado, cavalos e de mulas. Também eram intermediários no fornecimento e no transporte de tudo aquilo que era necessário para os habitantes da região.
  • Fazendeiros: “forneciam” alimentos para a população mineradora.



CAMADAS INTERMEDIÁRIAS:

  • Faiscadores: mineradores que exploravam pequenas lavras.
  • Roceiros: cuidavam de pequenas roças.
  • Alfaiates
  • Sapateiros
  • Profissionais liberais
  • Artistas em geral
  • Carpinteiros
  • Padres


MARGINALIZADOS:
  • “Andarilhos”: pessoas que percorriam as vilas em busca de esmola e comida.
  • Escravos alforriados.
  • Escravos.
  • Garimpeiros clandestinos.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA:

Em 1702 foi criada a Intendência de Minas, que tinha como objetivos fiscalizar e dirigir a exploração de minérios e cobrar impostos. As minas eram consideradas propriedades do rei.

CONFLITOS – A GUERRA DOS EMBOABAS
Foi um conflito armado entre paulistas e emboabas em uma disputa pelo controle da área mineradora (1707 – 1709). A guerra terminou com a vitória dos emboabas e a saída dos paulistas.As autoridades interviram na área mineradora criando vilas administrativas.


A COBRANÇA DE IMPOSTOS: 


Controle da Coroa Portuguesa para evitar o contrabando do  ouro. 
  •   Quinto: a quinta parte de todos os metais extraídos devia se entregue aos cofres da coroa.
  •   Capitação: per capita, isto é, uma cobrança de imposto de 17 gramas de ouro por escravo.
  •   Os mineradores que não possuíam escravos deveriam pagar uma taxa sobre si mesmo.
  •   Derrama: cobrança de impostos atrasados. A população deveria completar a cota de ouro com seus próprios recursos, caso a meta não fosse atingida.
  •   Cobrança de impostos: donos de oficinas, lojas e outros estabelecimentos.


AS CASAS DE FUNDIÇÃO:

As autoridades recolhiam o quinto que cabia à coroa Nas casas de fundição, onde transformavam o ouro em barras e nelas gravavam o selo real. O ouro que antes circulava em pó e em pepitas, só podia circular em barras.



















LISTA DE EXERCÍCIOS PARA CASA – 8º ANO 

1º Qual o interesse em Portugal desde o primeiro momento da colonização?

2º Qual o resultado mais significativo que a descoberta do ouro trouxe em relação à sociedade ?


3º Por que a economia mineradora facilitava o acesso de várias camadas sociais se comparada à economia açucareira?

4º Leia o texto e responda à questão:
“Sobre esta gente não houve até o presente governo bem ordenado. Apenas se respeitam 
algumas leis, que pertencem às datas, e repartições de ribeiros. Não há ministros, nem justiça 
para tratar do castigo, dos crimes, que não são poucos, principalmente dos homicídios e furtos.” 
ANTONIL, André. Cultura e opulência do Brasil. 1710. 
In: Coletânea de documentos históricos para o primeiro grau. São Paulo: Cenp, 1978. pp. 25-26.


O texto descreve a precariedade da organização da região mineradora. 
Cite as medidas tomadas pela Coroa portuguesa para organizar a administração da região das minas. 
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5º Veja o esquema e responda às questões:



ouro extraído
enviado
Casa de Fundição
extraída
Quinto
enviado
Coroa portuguesa (Fazenda real)


a) Por que a Coroa portuguesa organizou esse sistema?
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b) Por que o ouro extraído era direcionado para a Casa de Fundição?
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c) O que era o Quinto?
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6º Associe as colunas:

1. Capitação                 (   ) 20% do ouro extraído nas minas.
2. derrama                    (   ) local onde o ouro em pó era transformado em ouro em barras.
3. Quinto                      (   ) local onde se gravava o selo real no ouro.
4. Casa de  Fundição    (   ) punição caso não se conseguisse arrecadar cem arrobas de ouro na região.
                          (  ) imposto cobrado de acordo com a quantidade de escravos que trabalhavam nas minas.


3 comentários:

  1. Anna Schreave Bittencourt23 de novembro de 2016 às 21:42

    Obrigada, estava procurando isto há tempos, a explicação foi clara e sábia. Novamente meu muito obrigado ^^

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  2. só faltou colocar as respostas isso me ajudaria muito!

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